sábado, 26 de julho de 2008

Dois olhares diferentes sobre o Algarve, Postal do Algarve, 2008.07.24

O poético e o crítico completam-se no mesmo lugar: Patrícia Almeida e Catarina Mendes expõem fotografia na Casa das Artes.

A Casa das Artes de Tavira iniciou a época “Verão- 2008” no passado sábado, pelas 22 horas, com a inauguração de duas exposições de fotografia: “Portobello”, de Patrícia Almeida, e “Doce Sal”, de Catarina Mendes. O tema explorado pelas fotógrafas é o Algarve.

“Portobello”, de Patrícia Almeida, debruça-se sobre os não lugares associados ao turismo de massa. Trata-se de uma série de fotografias realizadas no Algarve entre 2005 e 2007. Tal como acontece com nomes como “Acapulco”, “Tahiti” ou “Éden”, “Portobello” procura evocar um imaginário exótico genérico, geralmente associado a uma ideia de natureza virgem e paradisíaca, assim como, às “insígnias luminescentes” de discotecas, bares, hotéis e outros registos das férias no Algarve. O que incentiva Patrícia a este trabalho “começou por esse interesse sobre o que são as férias, esta coisa do tempo morto, um tempo para onde vamos para não fazer nada. Apagar o que está para trás. Sem passado, sem futuro, só para estar, para se viver o presente”, conta a fotógrafa ao POSTAL do ALGARVE.

Patrícia Almeida dá-nos uma ideia clara do que representa o Algarve para muitos turistas: um mundo artificial desligado de uma realidade particular para que seja permitido viver fantasias em segurança. Por outro lado, Patrícia dá também uma visão mordaz e irónica, “quase Parriana”, de uma zona do país e da forma como a reconstrução do espaço, a urbanização, é encarada . “Como se continua a construir desenfreadamente? Como é que ainda há espaço?”, questiona.

Em simultâneo, “Doce Sal”, de Catarina Mendes, explora a magia do sal, a ambivalência que o faz balançar entre o sombrio e o solar, entre o que escurece e o que ilumina. Um percurso poético por várias características do sal.

Dois conjuntos de fotografias apresentam duas formas diferentes e originais de olhar para o mesmo espaço. Duas formas diferentes de expressão sobre o mesmo tema, usando o mesmo suporte. Com caminhos e visões diferentes, dois olhares especiais e interessantes que ajudam a repensar o espaço e que podem ser vistos na Casa das Artes de Tavira até 1 de Agosto, todos os dias, das 21.30 até às 00.30 horas. E depois, outras surpresas se seguirão. Mais informações estão disponíveis em: http://www.acasadasartes.com.

Paula Ferro

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