No trabalho de Patrícia Gonçalves somos levados às bases da luz e da fotografia. Dos fundos negros, informes, saem raios de luz e cor. Estabelecemos formas orgânicas tornadas voláteis pelas novas formas que emergem; uma dialéctica entre o assassinato e o renascer da forma, da transparência, da cor, da luz, e finalmente do significado.
Mas desta exploração do efémero a autora indica-nos um resultado muito concreto: a excrescência material que sai da obra - uma bola de cristal - que pela sua própria natureza e forma metamorfoseia e rende efémeras a luz incidente e a própria indicação precisa de materialidade.
A presença de uma moldura branca vazia lança-nos noutro sentido sobre a natureza fragmentária da imagem fotográfica, e lembra-nos um dos significados da moldura: fragmentar o mundo em geral em pedaços inteligíveis. Patrícia propõem assim a base de um pensamento que depura, que fragmenta, que rende abstracto, que re-combina, para chegar a uma nova ideia concreta que confirma a sua própria instabilidade de referência.
Lembra uma máquina de Babbage, concreta, complexa, relacional, mas neste caso os resultados da operação computacional são des-ligados e libertos das suas variáveis iniciais.
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