Como via de acesso ao trabalho de Margarida Santos proponho o material da sua construção. O carvão. A identificação de um enorme casulo numa das suas obras levou a esta via, da matéria orgânica, sedimentada e transformada por milénios em, precisamente, matéria de factura.
As formas que Margarida constrói implicam toda uma tectónica que o pensamento acerca do carvão revela. Um processo de interioridade, onde as coisas entram, são transformadas, interiorizadas, e explodidas para a superfície do papel que as suporta.
E a ligação que estas obras, a sua escala, estabelecem com o observador é também instintiva e directa, esmagadoramente animal, além da razão de uma lógica dicotómica. E aqui contactamos o território de Bataille, naquela vertente que a curadora da exposição enuncia no seu texto.
Passado este embate inicial começa-se a perceber a combinação entre gestos inicialmente soltos e intensos e outros, posteriores, mais controlados e delicados que vão consolidar nos desenhos a força inquietante que nos é transmitida.
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