segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Metamorfoses da Habitabilidade" III

Como via de acesso ao trabalho de Margarida Santos proponho o material da sua construção. O carvão. A identificação de um enorme casulo numa das suas obras levou a esta via, da matéria orgânica, sedimentada e transformada por milénios em, precisamente, matéria de factura.

As formas que Margarida constrói implicam toda uma tectónica que o pensamento acerca do carvão revela. Um processo de interioridade, onde as coisas entram, são transformadas, interiorizadas, e explodidas para a superfície do papel que as suporta.

E a ligação que estas obras, a sua escala, estabelecem com o observador é também instintiva e directa, esmagadoramente animal, além da razão de uma lógica dicotómica. E aqui contactamos o território de Bataille, naquela vertente que a curadora da exposição enuncia no seu texto.

Passado este embate inicial começa-se a perceber a combinação entre gestos inicialmente soltos e intensos e outros, posteriores, mais controlados  e delicados que vão consolidar nos desenhos a força inquietante que nos é transmitida.

Sem comentários: